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Minicurso “Ciência no Brasil – A metáfora do mito de Sísifo”

Início: ter, 06/10/2020 – 14:00
Término: qui, 29/10/2020 – 16:00

Olival Freire Junior oferece o minicurso “Ciência no Brasil - A metáfora do mito de Sísifo”

O físico e historiador da ciência Olival Freire Junior, professor do Instituto de Física da Universidade Federal da Bahia (UFBA), oferece em outubro de 2020 o minicurso gratuito e à distância “Ciência no Brasil – A metáfora do mito de Sísifo” dentro do Programa “Cesar Lattes” do Cientista Residente, do Instituto de Estudos Avançados (IdEA) da Unicamp.

O ciclo de oito encontros é voltado prioritariamente aos alunos de pós-graduação em humanidades (em particular história, filosofia, educação e geografia) e ciências da natureza, contemplando também estudantes de graduação, pesquisadores e docentes, inclusive do público externo à Unicamp. Com carga horária didática de 16 horas, o curso acontecerá às terças e quintas-feiras, das 14h às 16h, a partir de 6 de outubro. As inscrições já estão abertas no formulário abaixo.

Ementa: A ciência e a tecnologia do século XX no Brasil foram marcadas pela construção de novas instituições de ensino superior e de pesquisa, bem como de agências de financiamento de pesquisa e, especialmente, pela profissionalização da prática científica no país. A maioria dessas mudanças foi dirigida e financiada pelo Estado, tanto federal quanto estaduais, enquanto algum apoio veio de fundações filantrópicas estrangeiras e, em menor escala, do setor privado. Em meados do século XX, ocorreu a maior parte das atividades, por exemplo, a fundação da Universidade de São Paulo, como uma reação do estado de São Paulo às mudanças políticas nacionais em 1930, e de agências de fomento, como CNPq e CAPES, como iniciativas do governo federal. Ao longo do século, a institucionalização da ciência passou de um modelo estritamente pragmático para o reconhecimento da ciência como atividade profissional necessária à produção de novos conhecimentos. No Brasil, o desenvolvimento da ciência tem sido marcado por uma sucessão de altos e baixos, acompanhando de perto os ciclos econômicos e os tempos políticos, embora não perfeitamente sincronizados. Por exemplo, uma grande fuga de cérebros começou em 1960 durante um regime democrático enquanto a ditadura militar de 1964 restringiu os direitos civis e apoiou a ciência e a criação dos cursos de pós-graduação a partir de 1970. O Brasil finalizou o século XX com um sistema nacional de ciência e tecnologia estabelecido.

No início do novo século, os cientistas brasileiros têm testemunhado outras oscilações em apoio à ciência. De fato, nos primeiros anos do século XXI, os fundos para a ciência aumentaram, mesmo durante as flutuações do crescimento econômico, e novas universidades e institutos de educação técnica foram abertos e os estudos de pós-graduação foram ampliados, particularmente nas regiões menos desenvolvidas do país. Os cientistas começaram a compartilhar um sentimento de otimismo. A expansão de oportunidades no ensino superior, incluindo políticas de ações afirmativas, foi importante não apenas por seu valor social intrínseco, mas também por remediar a falta de diversidade social, de gênero e étnica na ciência brasileira, contribuindo para reforçar a qualidade dessa ciência. Três acontecimentos ilustram este otimismo: a descoberta das reservas de petróleo no pré-sal, fruto da capacidade de investigação criada na Petrobras; a conquista da Medalha Fields pelo jovem matemático brasileiro e francês Artur Avila, não um feito pequeno em um país sem prêmios Nobel; e o país viu um aumento substancial no número de artigos científicos publicados em revistas internacionais. Esse otimismo começou a desaparecer durante a crise econômica a partir de 2014 e piorou desde as eleições de 2018. Além de cortes no orçamento para educação, ciência e tecnologia, o novo clima no país tem sido de desconfiança aberta de cientistas, pesquisas científicas e instituições. Os sinais de uma fuga de cérebros começaram a reaparecer. Algumas décadas atrás, Simon Schwartzman comparou a profissionalização da ciência brasileira ao longo do século XX ao mito de Sísifo. A metáfora não poderia ser mais atraente para os dias atuais.

A atividade fará uma apresentação panorâmica da história da ciência no Brasil no século XX, com particular atenção para o que consideramos eventos e processos constitutivos. Também examinaremos pontos críticos e lacunas existentes na literatura disponível sobre o tema.

Carga horária didática: 16 horas (oito sessões de duas horas, em dois encontros semanais ao longo de quatro semanas, terças e quintas-feiras, das 14h às 16h, nas datas 6, 8, 13, 15, 20, 22, 27 e 29 de outubro de 2020).









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